21 de setembro de 2011

O ano era 1993...o início da década de ouro

O ano era 1992, nasci em 06 de outubro de 1977, ou seja, nesse ano, ainda escutava na escola, de todos meus amigos, durante discussões de futebol: "Você já viu seu time ser campeão?" e tinha de ficar calado, pois realmente nunca havia visto.
O ano havia começado promissor, mas terminado triste. Disposta a ganhar o mercado de latícinios brasileiro e motivada também pelas raízes italianas, a Parmalat enxergou num clube falido e acabado a oportunidade de mostrar o poder da sua marca, investindo alguns milhões de Reais para contratar alguns jogadores no intento de transformar um time tradicional novamente numa potência futebolística. Vieram Mazinho, Zinho, Evair e Cesar Sampaio.
O problema é que nessa época existia uma máquina de jogar futebol, daquele que considero o maior técnico da história do futebol brasileiro: Telê Santana. Após alguns tropeços, sofrimentos o Palmeiras conseguia no final do ano, algo que não conseguia há muito tempo: Chegar à final do Campeonato Paulista. Acabou perdendo para o campeão mundial no ano, SPFC.
O tiro então saíra pela culatra, disseram os analistas. Ao invés de força, a empresa parecia ter mostrado falta de força. A torcida, revoltada gritou "ão, ão, ão Parmalat é ilusão".

No ano de 1993, uma inversão no calendário que dura até hoje acontecia no futebol brasileiro: Os campeonatos regionais passaram a ser disputados no primeiro semestre, enquanto o brasileirão, no segundo turno. E veio uma semana que jamais esquecerei na minha vida: A primeira semana do ano.
O motivo que nunca esquecerei dessa semana é simples: Cada dia que abria o jornal, o Palmeiras contratava um craque. Vieram Edumndo (havia sido convocado e arrebentado em um jogo da seleção), Edilson Capetinha (havia massacrado o Palmeiras em uma goleada de 5 x 2 no quadrangular final do Paulista-92), Antonio Carlos, campeão mundial pelo São Paulo e que havia ido para o Alavés na Espanha (uma triangulação tramada pela Parmalat para enganar o São Paulo)e Roberto Carlos (maior promessa da lateral-esquerda do Brasil, vindo do União São João de Araras). Com essas contratações, sabia que seria questão de tempo até sermos campeões novamente.
Vieram os jogos, e o time ia bem, mas não convencia tanto. A pressão era enorme! Saiu Otacílio e entrou um técnico que era uma aposta: Vanderlei Luxemburgo (bem mais humilde, por sinal).
A primeira final foi um jogo para se esquecer: O Corinthians fez um gol no primeiro tempo e ficou segurando atrás, jogando com raça, enquanto o Palmeiras passou o jogo todo sonolento, criando muito pouco para um esquadrão como aquele.
A semana que passou entre as duas finais foi um inferno: Já não tinha mais certeza do título, todos os meus amigos Corinthianos tirando sarro, os São Paulinos também (sim, pois um São Paulino é como uma Hiena, rí comendo a sobra da carniça que o Leão deixou e em tempos de vacas magras desaparece). Luxemburgo levou o time para Atibaia (sim, o mesmo hotel que utiliza até hoje) e concentrou. Ninguém dava entrevistas, e a imprensa já dava como certa a vitória corinthiana.
Me lembro de ter ido em dois jogos nesse ano: Palmeiras 1 x 2 Juventus (de virada!) e Palmeiras 0 x 1 Corinthians (primeiro jogo da final), o que fez com que fosse proibido pelo meu pai a ir ao estádio assistir a final.
O jogo começou nervoso. Me lembro que mal conseguia respirar. Começara como um massacre, com o Palmeiras perdendo uns 5 gols em 10 minutos. Depois o Corinthians reagiu numa falta do Neto e uma cabeçada do Viola sozinho (que graças a Deus não entrou). A impressão era a que tinha acabado, não pelo jogo em sí, mas por causa daqueles 16 anos perdendo. Até que Edmundo Avançou pela esquerda, trombou com os zagueiros, a bola sobrou para Evair,que tocou de calcanhar para Zinho. Ele recebeu a bola, invadiu a área protegendo dos zagueiros, e mesmo sendo canhoto, bateu com o pé fraco, o direito. Ronaldo caiu, a bola passou por ele, e entrou, fraquinha, chorando. Eu, com a incredulidade de 16 anos sem ver meu time vencer, mal acreditava. A bola entrou! O gol que eu mais comemorei na vida! Todos aqueles anos, sobrevivendo aos meus amigos, sendo zoado na escola, tudo aquilo havia valido a pena naquele segundo eterno que se passou entre o chute e o gol.
O resto todo mundo já sabe, 4 x 0, goleada massacre, comemoração. Alguns pensaram que eu iria tirar sarro dos meus amigos corintianos, mas não o fiz. Para mim, bastava ver meu time, o Palmeiras, ser campeão. Pela primeira vez na minha vida, em um ano de uma década que estava começando e que eu não sabia, mas que seria a década mais vitoriosa do clube.

A moral da história, digo para você, palmeirense: Não menospreze e não deixe menosprezarem nosso título de 2008, pois o campeonato Paulista de 1993, foi o campeonato que mais comemorei na minha vida, e que nunca esquecerei!

4 comentários:

  1. Cara, pow, li o texto todo, por sinal muito bom, cara, eu passo a mesma coisa, mas o titulo de 2008 eu nao menospreso, tenho 16 anos, foi a unica coisa que vi mesmo, comecei a gosta de futebo em 2005, cara, eu nunca comemorei tanto, foi o melhor dia da minha vida, 5x0 na ponte na final, mais o melhor foi na semi final o baile do Valdivia nos BAMBIS, nunca gritei tanto, foi o dia mais feliz da minha vida, e espero que isso se repita, brasileiro, libertadores, etc etc... Vlw pelo texto cesar! :D

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  2. Excelente Texto, Nós Adolescentes Vivemos Momentos Parecidos Tenho Raros Momentos da Libertadores e Mundial, Mas Com Certeza Tudo Isso Irá Mudar ...

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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  4. Eu não vi nada disso cara ! Tenho 12 anos e Acompanho o Verdão a partir de 2006 ! Claro que os 5x0 na Ponte que deu o título pra nóis é inesquecível. Mas aqele contra o Colo-Colo em 2009 foi show ! Na hora do gol eu rasguei minha camiseta ! Foi muito loko !! Bom post parabéns Cesár

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